Muitas pessoas acreditam que esses alimentos, muito
utilizados como temperos para dar cor e sabor a vários pratos, são a mesma
coisa... mas no post de hoje veremos que possuem características diferentes.
O açafrão é oriundo dos estigmas vermelhos das flores da
cultivar Crocus sativus L., cultivada em países como Irã, Grécia,
Espanha, Índia e França. Após a coleta dos pistilos, os mesmos são secos para
serem comercializados. A germinação desta planta é lenta, e quando cultivada a
partir de sementes, o florescimento pode levar até 3 anos para ocorrer. Além
disso, a planta floresce somente uma vez por ano, e a coleta dos pistilos deve
ser realizada o mais rapidamente possível para preservar as características
desta parte do vegetal [1]. Isso faz com que o açafrão “verdadeiro” seja um
produto de maior custo.
O açafrão é utilizado há bastante tempo na medicina
tradicional indiana no tratamento de diversas patologias, sendo utilizado como
analgésicos e para o tratamento de outros quadros [1]. Diversos estudos
científicos analisaram e determinaram as características e propriedades
funcionais deste material. Dentre os compostos identificados no açafrão estão a
crocina, a pirocrocina e o safranal, responsáveis pela cor, gosto amargo e pelo
aroma do mesmo, respectivamente. A crocina, um dos principais compostos do
açafrão, é um carotenoide solúvel em água [2], por isso é possível utilizar o
açafrão para dar cor a diversos preparos culinários. Dentre os outros compostos
presentes no açafrão estão monoterpenos, aldeídos, antocianinas, vitaminas,
proteínas, minerais, amido e flavonoides [3]. Estudos realizados com animais
indicaram que as pétalas de C. sativus podem reduzir a pressão
sanguínea [4]; outros pesquisadores avaliaram a atividade ansiolítica da
crocina, também utilizando modelos animais, e encontraram que um tratamento
realizado com este composto bioativo pode induzir efeitos similares a
ansiolítico em ratos [5]. O açafrão e extratos das pétalas de sua planta de
origem também são reportados por possuírem atividade anti-inflamatória,
possivelmente devida a presença de compostos bioativos como flavonoides,
taninos, antocianinas, entre outros [1]. Estes compostos serão tema de um novo
post, portanto continuem nos acompanhando para conhecer suas características e
propriedades!!
A cúrcuma, por sua vez, é uma espécie vegetal diferente do açafrão. Também denominada açafrão-da-terra, a cúrcuma (Curcuma longa) é originária da Índia e da Ásia e pertence à família Zingiberaceae , a mesma do gengibre. Embora o açafrão e a cúrcuma se pareçam bastante em relação à pigmentação que possuem, são plantas com características distintas. A parte utilizada da planta que corresponde à cúrcuma em si é o rizoma do vegetal, um tipo de caule geralmente subterrâneo que tem como função armazenar nutrientes, podendo formar tubérculos. No caso da cúrcuma, seu rizoma é rico em óleos e pigmentos naturais, sendo a curcumina o pigmento característico deste vegetal, e composto majoritário do mesmo. Dentre as atividades biológicas determinadas para a cúrcuma, ou açafrão-da-terra, destacam-se as atividades anti-inflamatória e antioxidante [6,7].
Referências consultadas:
[1] Srivastava, R., Ahmed, H., Dixit, R.K., Dharamveer,
Saraf, S.A. 2010. Pharmacognosy Review, 4, 200–208. https://doi.org/10.4103/0973-7847.70919.
[2] Liakopoulou-Kyriakides, M., Kyriakidis, D.A. CROCUS
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[3] Fernandez, J.A. Anticancer properties of saffron, Crocus
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[4] Fatehi, M., Rashidabady, T., Fatehi-Hassanabad, Z. Effects
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https://doi.org/ 10.1016/s0378-8741(02)00299-4.
[5] Pitsikas, N., Boultadakis, A., Gergiadou, G., Tarantilis,
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[6] Araújo, C.A.C., Leon, L.L. Biological Activities of Curcuma longa L. 2001. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 96, p. 723-728.
[7] Amalraj, A., Pius, A., Gopi, S., Gopi, S. Biological
activities of curcuminoids, other biomolecules from turmeric and their
derivatives – A review. 2017. J. Tradit Complement Med, v. 7, p. 205–233. https://doi.org/10.1016/j.jtcme.2016.05.005.
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