sábado, 23 de março de 2019

COMIDA CAIU NO CHÃO: A REGRA DOS 5 SEGUNDOS É VÁLIDA?

Eis que você está comendo uma fruta, ou acabou de passar manteiga em uma fatia de pão, e PÁ!! A comida cai no chão... Quem nunca passou por isso? E quem nunca se apressou para pegar o alimento do chão porque lembrou na hora da "regra dos 5 segundos"... 

Essa "regra" diz que se você apanhar o alimento do chão em menos de 5 segundos, não tem problema, pois as bactérias e outros microrganismos que estiverem no chão não terão contaminado aquele alimento...

Mas será que é isso mesmo?

No post de hoje vamos esclarecer esta dúvida, continue lendo e aproveite para compartilhá-lo com seus amigos!







Chão, objetos, solo, superfícies, utensílios, celular, o ambiente doméstico, nossas mãos... Praticamente todos os ambientes estão sujeitos à contaminação microbiana, seja por bactérias, por fungos, por vírus, e/ou por todos eles. Nem todos os microrganismos são patogênicos (causadores de doenças), muitos são deteriorantes somente. Contudo, quando um alimento cai ao chão, ele toma contato com tudo que ali estiver: sujidades, poeira, fragmentos de objetos ou de insetos, e também microrganismos. Isso pode provocar o desencadeamento de Doenças Transmitidas por Alimentos, as chamadas DTA, como intoxicações, infecções e toxinfecções de origem alimentar. 

A literatura científica sobre esta regra criada pela sabedoria popular é escassa, mas alguns estudos indicam 2 conclusões básicas: 

1) que a transferência de microrganismos ao alimento independe do tempo, ou seja, se o alimento foi pego do chão logo que caiu ou depois de algum tempo, inevitavelmente ele estará contaminado pelos microrganismos presentes na superfície

2) que quando o tempo de contato do alimento com o chão é maior, maior é a transferência de microrganismos desta superfície para o alimento. Sendo assim, a carga microbiana pode ser mais elevada em um alimento que ficou por um período mais prolongado em comparação ao que ficou no chão por um tempo menor 

Um estudo publicado pelos pesquisadores da The State University of New Jersey, Robyn C. Miranda e Donald W. Schaffner, avaliou a transferência da bactéria Enterobacter aerogenes B199A (bactéria não-patogênica, mas que possui características similares à Salmonella), para superfícies do ambiente doméstico. No estudo, eles avaliaram superfícies de aço inoxidável, piso de cerâmica vitrificada, piso laminado de madeira de maple, e um carpete/tapete entre o interior e o exterior do ambiente doméstico. Os alimentos utilizados foram melancia, pão, manteiga sem sal e gominhas doces.

Os pesquisadores concluíram que, além daqueles 2 pontos apresentados acima, a umidade dos alimentos e as características da superfície de contato também podem favorecer uma maior transferência das bactérias para o alimento. No estudo, foi indicado que a melancia (alimento com maior umidade) esteve sujeita à uma transferência bacteriana maior do que a gominha doce.

Então, fica comprovado que a regra dos 5 segundos é parcialmente verdadeira quando consideramos que maiores tempos de contato implicam em maior transferência microbiana da superfície contaminada para o alimento. Mas é necessário considerar que outros fatores são de grande relevância, pois mesmo em um curto tempo de contato, a transferência de microrganismos da superfície contaminada para o alimento é inevitável; e que ela pode ser maior ou menor dependendo do tipo de microrganismo presente na superfície, das características topográficas da superfície, das características intrínsecas do alimento, e do tempo de contato. Consumir um alimento que caiu no chão, mesmo que tenha sido pego em menos de 5 segundos, pode implicar no risco do desenvolvimento de certas doenças dependendo do tipo de bactéria que ali estiver presente. 


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