sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ceia de Natal: é hora dos doces!

Olá, pessoal!

Assim como o nosso post anterior, o post de hoje é resultado da participação de vocês na campanha de Natal que lancei no mês passado.

Agora que já apresentamos alguns pratos e alimentos que nossos leitores tradicionalmente consomem durante o jantar da ceia, podemos falar sobre as sobremesas natalinas. Selecionamos alguns alimentos e pratos dentre os que foram sugeridos pelos nossos leitores em nossas redes sociais, e também algumas receitas para que você possa reproduzir ou adaptar para a sua ceia!

Ao final da leitura, não se esqueça de deixar a sua curtida na publicação deste post, comentar sobre a sua sobremesa natalina favorita e, claro, COMPARTILHAR com seus amigos :D

Vamos começar com...





Panetone


Este é um dos alimentos natalinos mais tradicionais e consumidos nessa época. Você sabia que o panetone pode ter surgido a partir do "erro" de um padeiro?

Existem diversas versões sobre a história do panetone. Uma delas diz que, em meados do ano 900, na cidade de Milão (norte a Itália), um assistente de padeiro chamado Toni havia trabalhado por muitas horas na véspera de Natal. Toni já estava muito cansado devido ao intenso trabalho, e ainda precisava assar mais uma fornada de pães e preparar uma torta para seu chefe. Ele estava tão exausto que acabou se confundindo e colocando as uvas passas na massa dos pães em vez de colocá-las na torta que deveria preparar. Desesperado após perceber seu "erro", Toni tentou "salvar" a massa adicionando frutas cristalizadas, manteiga, ovos e outros ingredientes que compunham a massa da torta. Então ele assou e entregou a seu chefe, que gostou tanto, mas tanto, que resolver homenagear Toni dando o nome de "pane di Toni" (pão de Toni, em português) àquela massa.

Há uma outra versão mais romântica, que também envolve o nome Toni: por volta do século XV, também na cidade italiana de Milão, um rapaz da família Atellini chamado Toni apaixonou-se pela filha do padeiro, que não aprovava o namoro dos dois. Para convencer o pai da moça em permitir o romance dos jovens apaixonados, Toni se disfarçou e foi trabalhar como ajudante na padaria de seu futuro sogro. Durante os trabalhos, Toni acabou criando um pão muito diferente dos tradicionais, que levava frutas e tinha um formato bonito e incomum, semelhante à cúpula de uma igreja.O jovem presenteou seu futuro sogro e, claro, o impressionou muito, conseguindo a permissão para se casar com sua amada. O novo pão fez tanto sucesso que todo mundo ia até a padaria procurando o famoso "pane di Toni".


A origem precisa e o modo específico como foi criado o panetone não sabemos, mas o Brasil passou a conhecer o panetone a partir da 2ª Guerra Mundial, quando os imigrantes italianos vieram para o nosso país e trouxeram consigo essa maravilhosa receita. Em 1948 o panetone passou a ser produzido artesanalmente no Brasil pela família Bauducco, de origem italiana, que em pouco tempo passou a fazer um grande sucesso com a venda dessas delícias. De fato, esse produto é adorado por nós brasileiros, e como somos um povo muito criativo, logo tratamos de fazer as mais variadas adaptações da receita original, o que tornou possível encontrarmos panetones de diversos tamanhos e sabores. 

Quem é fã de chocotone? Huuummm..
Imagem retirada de: http://www.mundodastribos.com
É possível encontrar o panetone tradicional com frutas cristalizadas, os chocotones (que levam gotas de chocolate na massa), panetones salgados, panetones trufados (que levam uma boa quantidade de recheio, geralmente de chocolate trufado), panetones com recheio de doce de leite ou de leite em pó, panetones com castanhas, com ingredientes integrais e ação funcional... a variedade é imensa! Aliás, o panetone também pode ser o ingrediente principal de algumas receitas: pudim de panetone, rabanada de panetone, e até mesmo bolo feito com panetone são alguns exemplos. 

Manjar


O manjar de coco com ameixas sem dúvidas é uma outra sobremesa natalina tradicional. Mas até chegar à receita que conhecemos hoje, esse doce passou por muitas transformações. E quando eu digo "muitas transformações", acredite... foram MUITAS mesmo! Originalmente português, o manjar branco teve impacto significativo na mudança da culinária ocidental. A receita original é muito antiga e muito diferente da atual, eu mesma não conhecia, e fiquei muito surpresa com a história. 

Bem, essa receita foi criada em meados do século XVI, e foi levada de Lisboa (Portugal) a Nápoles (Itália) pela princesa d. Maria. Essa receita levava peito de galinha... SIM, é isso mesmo, peito de galinha! O peito era cozido sem sal e desfiado, e então, misturado com farinha de arroz, leite, açúcar e um pouco de sal. A receita do manjar faz parte dos quatro cadernos que a princesa levou consigo para Nápoles por conta da ocasião de seu casamento com o terceiro duque de Parma, Piacenza e Guastella, Alexandre Farnésio. Veja que curioso o modo como o manjar era preparado:   

      Tomareis o peito de uma galinha preta e pô-lo-eis a cozer sem sal, senão na água, e há-de ser não muito cozida, para que se possam tirar as fêveras inteiras. (...) E para este peito é mister um arretel de arroz (...) e uma camada de leite deitada no tacho, e sete onças de açúcar. E tomareis a galinha e darlhe-eis três machucadas num gral, e deitá-la-eis a farinha de arroz e (...) o sal com que se tempere, muito bem mexido. Então, pô-lo-eis no fogo e (...) a tempo batereis. Quando estiver cozido, deitar-lhe-eis o açúcar e, se não for muito doce, poder-lhe-eis lançar mais; e, como for cozido, tirai o tacho fora e enchei as escudelas e deitai-lhe açúcar pisado por cima”.


No ano de 1680 essa receita já havia se transformado e levava outros ingredientes, como água de flor, além daqueles tradicionais. Já em 1841, a receita finalmente chegou ao Brasil pelo livro "O cozinheiro imperial", o primeiro livro de culinária brasileiro que constituía uma compilação de 2 livros de receita portugueses editados nos séculos XVI e XVII. 

E foi ao longo do século XIX que a receita do manjar se modificou até como conhecemos hoje, tendo o povo africano grande participação nessa modificação, pois substituíram o peito de galinha pelo leite de coco. E já que apresentamos a receita original, vamos à receita de manjar que conhecemos hoje?




Manjar de coco com calda de ameixas. Imagem retirada de: www.revistacasaejardim.globo.com

Manjar de coco com calda de ameixas

Fonte: Tastemade

Ingredientes:

* 1 L de leite
* 1 lata de leite condensado (395 g)
* 1 garrafinha de leite de coco (200 mL)
* 1 caixa de creme de leite (200 g)
* 1 xícara de amido de milho
* 1 xícara de açúcar
* 2 xícaras de água
* 30 ameixas pretas


Modo de preparo: Bater no liquidificador o leite, o leite condensado, o leite de coco, o creme de leite e o amido. Despejar a mistura em uma panela e levar ao fogo. Cozinhar por vinte minutos, mexendo sempre. Colocar o creme em uma forma de anel molhada e deixar esfriar por 30 minutos. Levar à geladeira por 1 hora ou até ficar bem firme. Colocar o açúcar em uma panela e levar ao fogo para caramelizar. Em seguida, acrescentar água e as ameixas e fervê-las por 20 minutos ou até formar uma calda. Deixar esfriar. Desenformar o manjar já frio e cobrir com a calda. 

Pavê 


Um dos centros das atenções da ceia de Natal... há quem espere ansiosamente a chegada do pavê para soltar aquela famosa piadinha do "pavê ou pacumê" hahah
De origem francesa, o pavê também é uma clássica sobremesa natalina. "Pavê" vem de "Pavage", que significa "pavimento" em francês, termo que faz alusão à estrutura de camadas de biscoitos (ou bolachas) e creme que caracteriza o doce. Geralmente são utilizados biscoitos são do tipo champanhe, mas também há receitas que levam camadas de fatias de bolo finas e embebidas com caldas ou com leite. Existe uma grande variedade de receitas de pavê, sendo a de chocolate, cereja e creme a versão mais clássica. Mas há receitas que levam castanhas, amendoim, e até frutas. Que tal inovar e fazer uma receita de pavê diferente para este Natal? Segue abaixo uma sugestão:  


Pavê de maracujá simples, rápido e fácil.
 Imagem retirada de: http://gshow.globo.com
Pavê de maracujá
Fonte: Receitas GShow 

Ingredientes:

* 1 lata de leite condensado
* 1 pacote de biscoito champanhe
* 1 lata na mesma medida do leite condensado e creme de leite, de suco de maracujá (suco da fruta concentrado)


Modo de preparo: Misture no liquidificador o leite condensado, o creme de leite e o suco de maracujá. Bata aproximadamente por 5 minutos. Após os 5 minutos, coloque em uma travessa uma camada de biscoito e uma camada do preparo do liquidificador. Intercale entre um camada de cada até que o creme acabe, de preferência para que a última camada seja de creme. Leve a sobremesa à geladeira por umas 4 horas e delicie-se.


Torta de frutas


Um outro doce igualmente delicioso e prático de ser feito é a torta de frutas. É uma opção de sobremesa bastante refrescante e leve para ser consumida depois do jantar da ceia. Aqui também você pode liberar sua criatividade e montar a torta utilizando as frutas que mais gosta ou as que estão em maior oferta nessa estação (para saber quais são algumas delas, clique aqui). A receita é bem simples e pode levar quantas frutas você quiser, consumida gelada fica ainda melhor e mais refrescante. Geralmente é composta por uma massa básica de torta, creme branco e frutas fatiadas e dispostas em uma linda composição. Por cima, também pode-se adicionar geleia de brilho para dar um realce a mais nas frutas que formam a cobertura. Mas existem diversas adaptações e receitas: torta de frutas vermelhas com chocolate, torta de frutas desidratadas, de frutas amarelas, com castanhas e até mousse. Veja uma sugestão abaixo, que você pode adaptar e adicionar mais frutas ainda:


Torta de frutas. Imagem retirada de: http://gshow.globo.com


Torta de Frutas

Fonte: Receitas GShow

Ingredientes: 

Para a massa:

* 2 xícaras de chá de farinha de trigo
* 1 xícara de chá e 2 colheres de sopa de manteiga
* 2 gemas
* 1 pitada de sal

Para o recheio: 

* 5 nectarinas
* 8 damascos secos
* 3/4 de xícara de chá de açúcar
* 2 colheres de sopa de farinha de tapioca
* 1 e 1/2 xícara de chá de manteiga gelada
* 1 xícara de chá de farinha de trigo

Modo de preparo: para fazer a massa, misture todos os ingredientes até obter uma massa homogênea. Embrulhe em filma plástico e leve à geladeira por uma hora. Forre o fundo e as laterais de uma forma com aro removível. Cubra com filme plástico e leve à geladeira novamente por 15 minutos. Para o recheio, lave as nectarinas e corte-as em 8 gomos. Divida os gomos ao meio. Corte os damascos em tiras, e misture esses dois ingredientes. Acrescente metade do açúcar e a farinha de tapioca. Mexa e deixe descansar por 20 minutos. Corte a manteiga gelada em cubos e misture com a farinha e o açúcar restante. Mexa até formar uma farofa. Espalhe as frutas na forma forrada com a massa e cubra com a farofa. Asse em forno médio pré-aquecido.


Rabanada


Se tem um quitute, além do panetone, que os brasileiros adoram e que geralmente não falta na ceia é a rabanada. Quem resiste a essas lindas fatias douradas, deliciosas e sequinhas? Eu adorooo! 

Por último, e não menos importante, vamos apresentar um pouquinho mais sobre esse prato típico da ceia de Natal. 

Assim como outros pratos, não se sabe com exatidão a origem da rabanada, pois o prato também era consumido em países como Estados Unidos (onde é chamada de French Toast), França (onde é chamada de Pain Perdu), Inglaterra (onde leva o nome de Eggy bread), e até mesmo Indonésia (onde é chamada de roti telur). É claro que cada país tem as suas particularidades quando o assunto é comida, então as receitas variavam em alguns ingredientes ou complementos. Mas foram os portugueses que trouxeram para o Brasil a receita de rabanada como conhecemos hoje, sendo muito consumida em nosso país durante a época do Natal, e também em países sul-americanos, como Argentina, Uruguai e Chile. 

As belas fatias douradas foram referenciadas há muito tempo, no clássico De Re Coquinaria (Livro VII, XIII-3), da época do Império Romano; no livro de cozinha de Domingo Hernández de Maceras (1607), e no Arte de cozina, pastelería, vizcochería y conservería, de Francisco Martínez Motiño (datado de 1611). 

As rabanadas são preparadas com ingredientes simples: pão dormido, leite, açúcar e canela. No entanto, com o passar do tempo, ganhou alguns ingredientes a mais. O leite, utilizado para umedecer as fatias de pão, pode ser temperado para dar mais sabor ao prato final: baunilha, especiarias, noz-moscada ou até alguns licores são alguns dos ingredientes que podem ser adicionados para dar um toque diferente ao sabor das rabanadas. O vinho também pode ser utilizado para banhar as fatias de pão. Quanto ao pão, ingrediente principal, você pode fazer com o que tiver em casa: pão de forma, brioche, pão francês, baguete... qualquer tipo fica uma delícia! 

Então, para finalizar nosso conteúdo Natalino, aqui deixo uma receita de rabanada para você fazer e se deliciar na hora da sobremesa, no lanche da tarde, ou na hora que der vontade!




Rabanada

Fonte: Programa Chefs em Ação

Ingredientes:

* Pão francês
* 2 ovos
* 120 mL de leite
* 85 g de açúcar refinado
* Açúcar e canela a gosto

Modo de preparo: Misturar os ovos, o leite e o açúcar refinado. Fatiar os pães, passar na mistura e fritas em óleo quente. Passar no açúcar e canela. 



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Muito obrigada pela atenção, e um FELIZ e abençoado Natal a todos! 



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Referências consultadas:

AMAZONAS, L. Tradicional no Natal, panetone surgiu por erro de padeiro. 2013. Disponível em:<http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/tradicional-no-natal-panetone-surgiu-por-erro-de-padeiro/>. Acesso 23 dez. 2016.

ESTADÃO. Os melhores de tudo. Dormiu pão e acordou rabanada. 2011. Disponível em:<http://www.estadao.com.br/noticias/geral,os-melhores-de-tudo-imp-,4744>. Acesso em 21 dez. 2016.

MONTELEONE, J. Manjar branco, uma história portuguesa. Disponível em:<http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/manjar_branco_uma_historia_portuguesa.html>. Acesso em 22 dez. 2016.

PELLI. R. Natal com rabanada. Possíveis origens do quitute que é hoje tradição natalina e como os nomes da guloseima em outros países podem explicar a maneira como ele é preparado e comido. 2010. Disponível em:<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/natal-com-rabanada>. Acesso em 22 dez. 2016.

PETIT GASTRÔ. Rabanada, um antigo clássico natalino presente em todo o mundo. Disponível em:<http://www.petitgastro.com.br/rabanada-um-antigo-classico-natalino-presente-em-todo-o-mundo/>. Acesso em 21 dez. 2016.

PUC-SP. Panetone. Disponível em: <http://www.pucsp.br/maturidades/sabor_saber/panetone_37.html>. Acesso em 19 dez. 2016.

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