sexta-feira, 21 de agosto de 2020

AÇAFRÃO, AÇAFRÃO DA TERRA E CÚRCUMA: É TUDO IGUAL?


 

Muitas pessoas acreditam que esses alimentos, muito utilizados como temperos para dar cor e sabor a vários pratos, são a mesma coisa... mas no post de hoje veremos que possuem características diferentes.

 


O açafrão é oriundo dos estigmas vermelhos das flores da cultivar Crocus sativus L., cultivada em países como Irã, Grécia, Espanha, Índia e França. Após a coleta dos pistilos, os mesmos são secos para serem comercializados. A germinação desta planta é lenta, e quando cultivada a partir de sementes, o florescimento pode levar até 3 anos para ocorrer. Além disso, a planta floresce somente uma vez por ano, e a coleta dos pistilos deve ser realizada o mais rapidamente possível para preservar as características desta parte do vegetal [1]. Isso faz com que o açafrão “verdadeiro” seja um produto de maior custo.  

O açafrão é utilizado há bastante tempo na medicina tradicional indiana no tratamento de diversas patologias, sendo utilizado como analgésicos e para o tratamento de outros quadros [1]. Diversos estudos científicos analisaram e determinaram as características e propriedades funcionais deste material. Dentre os compostos identificados no açafrão estão a crocina, a pirocrocina e o safranal, responsáveis pela cor, gosto amargo e pelo aroma do mesmo, respectivamente. A crocina, um dos principais compostos do açafrão, é um carotenoide solúvel em água [2], por isso é possível utilizar o açafrão para dar cor a diversos preparos culinários. Dentre os outros compostos presentes no açafrão estão monoterpenos, aldeídos, antocianinas, vitaminas, proteínas, minerais, amido e flavonoides [3]. Estudos realizados com animais indicaram que as pétalas de C. sativus podem reduzir a pressão sanguínea [4]; outros pesquisadores avaliaram a atividade ansiolítica da crocina, também utilizando modelos animais, e encontraram que um tratamento realizado com este composto bioativo pode induzir efeitos similares a ansiolítico em ratos [5]. O açafrão e extratos das pétalas de sua planta de origem também são reportados por possuírem atividade anti-inflamatória, possivelmente devida a presença de compostos bioativos como flavonoides, taninos, antocianinas, entre outros [1]. Estes compostos serão tema de um novo post, portanto continuem nos acompanhando para conhecer suas características e propriedades!!


A cúrcuma, por sua vez, é uma espécie vegetal diferente do açafrão. Também denominada açafrão-da-terra, a cúrcuma (Curcuma longa) é originária da Índia e da Ásia e pertence à família Zingiberaceae , a mesma do gengibre. Embora o açafrão e a cúrcuma se pareçam bastante em relação à pigmentação que possuem, são plantas com características distintas. A parte utilizada da planta que corresponde à cúrcuma em si é o rizoma do vegetal, um tipo de caule geralmente subterrâneo que tem como função armazenar nutrientes, podendo formar tubérculos. No caso da cúrcuma, seu rizoma é rico em óleos e pigmentos naturais, sendo a curcumina o pigmento característico deste vegetal, e composto majoritário do mesmo. Dentre as atividades biológicas determinadas para a cúrcuma, ou açafrão-da-terra, destacam-se as atividades anti-inflamatória e antioxidante [6,7].

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Referências consultadas:

[1] Srivastava, R., Ahmed, H., Dixit, R.K., Dharamveer, Saraf, S.A. 2010. Pharmacognosy Review, 4, 200–208. https://doi.org/10.4103/0973-7847.70919.

[2] Liakopoulou-Kyriakides, M., Kyriakidis, D.A. CROCUS SATIVUS- BIOLOGICAL ACTIVE CONSTITUENTS. 2002. Studies in Natural Products Chemistry, 26, 293-312.  https://doi.org/10.1016/S1572-5995(02)80009-6

[3] Fernandez, J.A. Anticancer properties of saffron, Crocus sativus Linn. 2006. Advances in Phytomedicine, 2, 313–330. https://doi.org/10.1016/S1572-557X(05)02018-0.

[4] Fatehi, M., Rashidabady, T., Fatehi-Hassanabad, Z. Effects of Crocus sativus petals' extract on rat blood pressure and on responses induced by electrical field stimulation in the rat isolated vas deferens and guinea-pig ileum. 2003. Journal of Etnopharmacology, 84, 199-203. https://doi.org/ 10.1016/s0378-8741(02)00299-4.

[5] Pitsikas, N., Boultadakis, A., Gergiadou, G., Tarantilis, P.A., Sakellaridis, N. Effects of the active constituents of Crocus sativus L. in an animal model of anxiety. 2008. Phytomedicine, 15, 1135–1139.https://doi.org/ 10.1016/j.phymed.2008.06.005.

[6] Araújo, C.A.C., Leon, L.L. Biological Activities of Curcuma longa L.  2001. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 96, p. 723-728.

[7] Amalraj, A., Pius, A., Gopi, S., Gopi, S. Biological activities of curcuminoids, other biomolecules from turmeric and their derivatives – A review. 2017. J. Tradit Complement Med, v. 7, p. 205–233. https://doi.org/10.1016/j.jtcme.2016.05.005.


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